Agora a discussão do momento é se vai ou não abrir a escola, então temos como metas de funcionamento a creche com crianças entre 0 a 3 anos, Educação Infantil; crianças de 4 a 5 anos, Ensino fundamental; crianças entre 6 a 14 anos, Ensino médio; adolescentes entre 15 a 17 anos, e o mais importante; todos menores de idade, muitos destes seres humanos ainda sem o discernimento completo da realidade, a maioria nem sabe o que é esse vírus, eles podem até ter medo, porém não sabem o que é, e o pior elas não tem nem a opção de decidir se querem ou não se sujeitarem ao risco de serem contaminadas, levar a doença para suas casas e correr o risco de verem padecer seus entes queridos, são pais e avós correndo perigo. Em muitas famílias pobres o grande pilar é o avô, e este sob a iminência de morrer precocemente porque um governador de forma autoritária não pode aguardar uma vacina ficar pronta. Agora você imagina a estrutura familiar como ficará com essa despedida que poderia ser evitada, como ficará a cabecinha da criança em saber que levou uma doença para casa que matou seu avô? Isso pode ser evitado! Ainda há tempo!
Inicialmente quando a doença ainda atingia boa parcela da classe rica e a classe média, muitas medidas foram adotadas; foi o fechamento do comércio, fechamento das escolas, fechamento dos serviços governamentais não essenciais, entre outras medidas também muito importantes, entretanto bastou o vírus ser erradicado das classes mais ricas que começou a se pensar na reabertura de tudo, começo por etapas, até porque a doença estava nos pobres, e estes podem morrer, pois tem muitos, é a mão de obra barata, são CPFs que prestam serviços, são milhões, se morrer um é só trocar por outro. Parecem absurdas e repugnantes essas frases que você acabou de ler, porém é exatamente este o pensamento das classes dominantes, os pobres são apenas escravos modernos que só recebem algum dinheiro porque a escravidão é proibida.
A grande mídia já endossa a ideia de que o interesse na reabertura das escolas é meramente econômico, é injusto o empresário perder dinheiro na pandemia, tadinho do mega empresário, ele não sair perdendo como ele vai manter o alto padrão de vida? O justo é que somente o pobre perca, algum rico pode pensar; “mas eles estão se virando com os 600 reais”, porém o rico não quer ficar dependendo desses 600 reais, aliás, ele deve pensar “o que ele vou fazer com 600 reais, meu Deus do céu? Os empresariados da educação em grande parcela votaram do Bolsonaro, eu poderia dizer que no Estado de São Paulo uns 85%, tanto no Presidente como no Governador João Doria fazendo a ponta BolsoDoria, e agora que a coisa apertou não tem o Estado para os ajudar, até porque votaram em neoliberais e estes cumpriram o papel deles que foi não ajudar as empresas e salvarem somente os bancos. Agora esta casta de empresários da educação querem a todo custo matar funcionários, idosos e crianças pela sobrevivência do capital, é o jogo da vida contra o dinheiro, e até então não sabemos quem vai vencer.
As desculpas para reabrir a escola
A ideia de que o professor não quer que as aulas presenciais voltem porque ele está ganhando dinheiro em casa sem fazer nada é uma grande bobagem, é uma falácia, primeiro que o professor nunca ganhou bem, e ele estando em casa recebe só o salário base, ou seja, ele está ganhando menos do que já era pouco. Segundo que o professor está trabalhando mais, pois em teletrabalho muitas pessoas não meçam o conveniente, e dicam mandando mensagens nos finais de semana e pela madrugada. O abalo psicológico do professor tem sido gigantesco, eu tenho contato com professores da rede Estadual de Ensino e, também, da rede Municipal, se tratando no caso de São Paulo, e o que me relatam é que há muita pressão por parte de direção, os professores estão sendo vigiados, tem videoconferência quase diária, tem que dar suporte aos alunos, planejar aula, recebe mensagem no celular o tempo todo, até nos sábados e domingos, o professor perdeu totalmente a privacidade e está o tempo todo resolvendo alguma coisa online. Piorou muito para eles, se não fosse o vírus, eles queriam voltar sim, porém como não existe vacina, assim como qualquer outro ser humano ele tem medo, medo de ser contaminado, medo de contaminar os alunos, medo de contaminar a família, medo de ver seus educando morrerem precocemente, um educador ver uma criança morrer e saber que isso poderia ser evitado, não há psicológico que resista, ele se deprime, não consegue lecionar.
Outra bobagem dita é que isso vai salvar os funcionários das escolas particulares, é importante observar que muita escola particular trabalha com pouquíssimos funcionários e esses nunca faltam, pois se faltar é rua, então acabam aceitando o trabalho sobrecarregado na empresa (pois essas escolas agem como empresas é o lucro acima de qualquer bom senso), e é bem verdade que estão demitindo os funcionários, porém estes têm a indenização e o seguro-desemprego para se manterem durante o restante do ano, não da pra ganhar muito mesmo, é pandemia! É preciso observar que alguns costumes durante uma pandemia devem ser deixada para segundo plano, é o tênis novo, é a calça nova, é a pizza no final de semana, é a cerveja gelada, as pérolas, o cinema, o shopping, o bigmac, tudo isso pode ser comprado depois da pandemia, o foco é a sobrevivência. Portanto se uma pessoa média pensar assim eu tenho certeza que não vai morrer de fome, é mais fácil ela morrer trabalhando numa escola e um país sem vacina e que não fez quarentena.
E o pior de tudo é que as pessoas estão morrendo mesmo nas classes pobres, no meu canal Youtube fiz uma enquete, o público lá é de pobres e classe média baixa, a maioria das pessoas conhece alguém que morreu do coronavírus:
Nessa pesquisa pelo menos 145 pessoas conhece alguém que morreu por essa doença em questão.
O grande contrassenso
No Estado de São Paulo temos o governador chamado João Doria, privatista, neoliberal e bastante convicto que é necessário reduzir os gastos públicos, tudo que ele faz é pensando na economia, é preciso sempre economizar para o Estado fechar o ano no verde. Está certo, é jeito de ele governar, embora eu não concorde, respeito, foi eleito democraticamente. Aí aparece o pandemônio, pronto, vamos precisar economizar mesmo, cortes nas férias, corte no bônus, corte em tudo que é do funcionário público, só não cortou o salário que aí já era demais, porém se pensou em reduzir os vencimentos e não foi para frente (imagina um AOE, o que eles iriam reduzir ali?). Então tá, segue a economia nos gastos… Mas chega o mês de junho o governador já vem com plano de retomada às aulas em meio a pandemia, e promete abrir a escola em setembro, recentemente postergou para outubro.
Para um governador que economizar ele não pode abrir a escola pública antes que exista uma vacina, pois ele vai gastar horrores com insumos e terá maior gasto na saúde por conta do aumento de contágios, outros países que abriram as escolas durante a pandemia tiveram que fechar, pois o aumento de contágio foi absurdo, e consequentemente os gastos com esse pessoal também. Portanto não há coerência alguma num governo mão de vaca querer abrir escola agora, para que? Só pra gastar dinheiro? Se ele quer tanto salvar o empresariado educacional que abra só as escolas particulares, para os pobres o ano letivo se já perdeu, não vai recuperar em 2 meses, sim, 2 meses, chega em dezembro todo mundo viaja, a escola fica vazia, e se a escola abrir, esse ano não vai ser diferente.
Precisamos dar oportunidade para as crianças, não podemos deixa-las reféns dessa ideia maluca do Doria de abrir a escola no meio do caos, 100 mil mortos já. Ei, João Doria, deixe essas crianças em paz.