Existem várias classificações relevantes dos materiais nas organizações, e vamos conhecer algumas delas a partir de agora.
A primeira é a do ponto de vista contábil, que requer alguns conhecimentos prévios de Balanço Patrimonial.
Vamos conferir, então, como os materiais podem ser classificados desse ponto de vista.
Materiais imobilizados: pertencentes ao ativo imobilizado, são considerados patrimônio da organização e recebem tratamento distinto dos demais materiais.
Materiais em estoque: são aqueles armazenados para utilização nas atividades operacionais da organização ou para revenda. Compõem o ativo circulante do balanço patrimonial. Essa distinção contábil é importante para compreender que costumamos priorizar o gerenciamento dos materiais em estoque; e você deve ter observado que as funções que apresentamos para a Administração de Materiais enfatizaram tal abordagem. No entanto, você deve recordar que que Administração de Materiais trata de todos os recursos materiais. Continuaremos enfatizando a gestão dos materiais necessários às atividades operacionais da organização, mas você pode complementar a leitura caso tenha interesse na gestão dos materiais imobilizados. Veja a “dica” a seguir:
Para facilitar sua busca apresentamos uma “dica”: os livros distinguem-se pelo título Administração de Materiais e Administração dos Recursos Materiais e Patrimoniais. A gestão do imobilizado costuma estar contemplada nestes últimos livros.
E como podem ser classificados os materiais de acordo com o ponto de vista físico? Nesse caso, os materiais podem ser classificados quanto ao estado de apresentação, quanto à demanda, quanto à movimentação e quanto ao estágio operacional.
Vejamos:
Materiais novos: são os que ainda não foram utilizados.
Materiais reparados: são aqueles que sofreram alguma modificação ou recuperação, mas podem ser novamente utilizados.
Materiais inservíveis: são os que não apresentam condições de uso, com recuperação inviável e devem ser retirados no mais breve espaço de tempo possível.
Materiais obsoletos: são os materiais sem previsão de uso e que devem ser vendidos imediatamente, a fim de recuperar ao menos em parte o capital investido.
Sucata: são os resíduos dos materiais utilizados e que possuem valor econômico.
Materiais imprestáveis: são os resíduos dos materiais utilizados e que não possuem valor econômico.
Quanto à demanda, os materiais podem ser classificados de acordo com os itens abaixo:
Materiais de demanda permanente: são os que possuem movimentação contínua e regularidade no consumo.
Materiais de demanda eventual: são aqueles com consumo em épocas específicas e costumam ter pouca quantidade em estoque.
Essa é a diferenciação entre os materiais que são adquiridos e consumidos em todas as épocas do ano daqueles consumidos em épocas específicas, o que nos traz a noção de sazonalidade do consumo. Alguns exemplos desses materiais são: roupas de lã, consumidas no inverno; ovos de chocolate, na Páscoa; e alimentos com safra definida em alguma época específica do ano. Quanto à movimentação, também podemos conferir a classificação dos materiais a seguir:
Materiais ativos: são itens estocados que costumam receber requisições de materiais. Materiais inativos: são itens que não têm recebido requisições de materiais nos últimos períodos (as organizações definem políticas para definir o prazo a partir do qual o material é considerado inativo).
Materiais descontinuados: são materiais sem previsão de consumo e sem estoque. Há, no entanto, a necessidade de manutenção do registro no sistema de controle de estoques visando, principalmente, os históricos que alimentarão alguns dos cálculos de custeio.
Sabe aquela roupa que não serve mais ou que saiu de moda, mas que ainda está no seu guarda-roupa? Esse é um excelente exemplo de material inativo. A questão é: quanto tempo ela permanecerá na sua área de armazenagem? Pense a respeito!
Os materiais inativos ocupam espaço; isso tem custo e, eventualmente, essa prática inviabiliza a utilização do espaço por materiais ativos. Logo, é necessário definir uma política de permanência dos materiais inativos nas áreas de armazenagem.
Uma classificação muito utilizada refere-se ao estágio operacional.
Observe a seguir a classificação dos materiais segundo esse critério:
Matérias-primas: são os materiais básicos necessários ao processo operacional da organização, adquiridos de terceiros e que representam parte significativa do que é oferecido aos clientes. As organizações industriais costumam ter formalizados os almoxarifados em que guardam os insumos de seus produtos.
Semiacabados: existem materiais que, após sua retirada do almoxarifado de matérias-primas, ficam estocados em meio ao processo de transformação. O exemplo mais frequente é quando ocorrem montagens de dois ou mais componentes dando origem a um terceiro e um dos componentes possui tempo de transformação mais rápido do que outro. O importante é que se trata de um material encontrado em um almoxarifado (área fechada, reservada e exclusiva) de algum estágio intermediário do processo de transformação.
Em processo: nem todo material retirado do almoxarifado de matérias-primas está no almoxarifado de materiais semiacabados. Eles podem estar no equipamento de transformação ou na fila de espera diante do equipamento de transformação. Os materiais nesta situação são considerados estoque de material em processo.
Produtos prontos: ao final do processo operacional da organização há o estoque dos produtos aptos ao consumo dos usuários. Representam os produtos em estado final no âmbito da organização, que não necessitam de processos adicionais de transformação para serem disponibilizados aos usuários ou clientes da organização. Do ponto de vista dos custos, representam os materiais mais caros da organização, visto que todo o trabalho que deveria ser feito já foi realizado e qualquer operação adicional representa um retrabalho, com custos operacionais não desejados.
Por fim, existe a definição dos materiais críticos, que são aqueles que podem colocar em risco o processo operacional da organização e, portanto, são definidos, através de uma política organizacional, como prioritários nos processos de administração de materiais. De acordo com Viana (2000), os materiais podem ser definidos como críticos diante das situações apresentadas no Quadro abaixo. Observe:
No Quadro vimos alguns termos que ainda não havíamos utilizado aqui. Entre eles, podemos destacar o material perecível e o material de alta periculosidade.
Mas o que é perecibilidade e quais as vantagem da utilização de tal conceito? Esse termo diz respeito ao tempo que um material pode ser guardado antes de sua utilização, a fim de assegurar que estará em condições de uso quando requisitado, o que pode ser associado a “prazo de validade”. A utilização da noção perecibilidade na administração dos materiais permite definir lotes de compra mais adequados ao prazo previsto para o consumo, definir revisões periódicas para assegurar que o material estará em condições de uso no momento que houver sua solicitação e definir técnicas de armazenagem, manuseio e transporte.
Existem vários fatores determinantes da vida útil de um material, e os mais comuns são: temperatura, umidade, iluminação, volatilidade (aqueles que podem facilmente evaporar) e ação de animais (os que estão sujeitos a ataques de animais durante o período em que estão armazenados).
Com relação à periculosidade, o termo diz respeito à identificação de materiais que podem reagir com outros em função de características físico-químicas, oferecendo riscos à segurança. Existem normas que regulam, por exemplo, o transporte e armazenagem de materiais tóxicos e inflamáveis e as organizações devem conceber políticas especiais para o seu manuseio, seja no âmbito de suas instalações ou no transporte.