Paulo Freire defendia a valorização dos profissionais de Educação, ele sempre dizia que o professor deveria lutar por melhores condições de trabalho e por melhores salários, pois o professora é fundamental na construção de uma sociedade, tendo papel assim tão relevante ao país, chega a ser uma afronta o salário pago a este profissional.
No caso do AOE, sobretudo aquele que trabalha no pátio, eu acredito que também tem papel de educador dentro da escola, e assim como o professor tem papel importante na construção da sociedade.
A princípio exigir a equiparação do ALE do AOE com o do professor é, de certa forma, valorizar o trabalho deste profissional, pois até então os vencimentos deste profissional são uma afronta à decência humana, são pagos 1.200 reais ao servidor público que lhe dá diretamente com a sociedade, cuidando e educando os filhos da nação, e em troca lhe disponibilizado migalhas da bilionária arrecadação de impostos do Estado de São Paulo. Isso é um verdadeiro sinal do que o Estado pensa sobre a Educação do país, é a Deus dará, é o descaso, quem puder pagar escola particular terá Educação de qualidade, caso contrário não terá nem direito à Educação.
Arrecadação do Estado de São Paulo em 2019
Quem trabalha nas escolas estaduais sabe da existência de aulas vagas, afinal de contas o número de cargos de professores é absurdo PEB I 144.086 (cento e quarenta e quatro mil e oitenta e seis) cargos vagos representa 72% do quadro, e o que mais precisa nas escolas estaduais o PEB II 286.912 (duzentos e oitenta e seis mil e novecentos e doze) representa 46% do quadro total, em condições aceitáveis esse déficit deve ser de 5%. Com esse número enorme de defasagem de professores acaba sobrando para o AOE (Agente de Organização Escolar) em prática existem aulas vagas todos os dias em todas as escolas estaduais do Estado de São Paulo, é bem provável que um AOE passa mais tempo com os alunos do que o próprio professor.
O ALE é o adicional de local de exercício, é um adicional pago aos servidores que trabalham em áreas consideradas de risco, principalmente nas escolas da periferia é pago esse ALE. O pagamento do ALE é justo, entretanto entraremos no problema em questão, simplesmente o ALE do professor é praticamente 3 vezes maior que do AOE, 450 contra 155 reais, a questão é que não há explicação do porquê disso, afinal conforme supracitado é provável que um AOE fique mais tempo com alunos que o próprio professor, também devemos observar que a carga horária do AOE é de 40 horas, e do professor é 30, nada mais justo que atualizar esse valor do ALE do AOE de 155 para 450 reais, igual ao ALE do professor.
Com esse ajuste os vencimentos dos Agentes de Organização Escolar ativos melhora em 37%, um incentivo a mais para que o profissional não falte ao serviço, não queira ficar se afastando. É importante observar que não são todas as escolas que pagam ALE, ainda defendo a ideia de todas as escolas terem o ALE, entretanto as escolas de menor situação de risco com 50% do ALE, isso daria 225, então seria 225 reais de ALE para escolas menos perigosas localizadas no centro da cidade e 450 reais para quem trabalha nas escolas mais perigosas nas periferias e em locais afastados na área rural.