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Estudo de português: concordância verbal

Na concordância verbal, o verbo adapta-se ao número e à pessoa do sujeito, isto é, a conjugação do verbo varia de acordo com o número (singular ou plural) e com a pessoa do sujeito (primeira, segunda ou terceira pessoa).

No entanto, é possível encontrar casos específicos que são formados por estruturas que fogem à estrutura mais básica da sintaxe (sujeito simples + verbo + complemento), trazendo, assim, os sujeitos compostos e indeterminados, expressões que indicam quantidade aproximada, porcentagem, orações sem sujeito etc., o que acaba demandando recomendações específicas para que seja feita a concordância.

Como se dá a concordância verbal?

A concordância verbal ocorre quando a conjugação do verbo se adapta ao sujeito em número e em pessoa. O sujeito pode estar no singular ou no plural e pode ser em 1ª, 2ª ou 3ª pessoa.

Ocorre quando o verbo se flexiona para concordar com o seu sujeito.

Exemplos:Ele gostava daquele seu jeito carinhoso de ser.

Eles gostavam daquele seu jeito carinhoso de ser.Casos de concordância verbal:

1) Sujeito simples

Regra geral:O verbo concorda com o núcleo do sujeito em número e pessoa.

Ex.: Nós vamos ao cinema.O verbo (vamos) está na primeira pessoa do plural para concordar com o sujeito (nós).

Casos especiais:

a) O sujeito é um coletivo – o verbo fica no singular.

Ex.: A multidão gritou pelo rádio.Atenção:Se o coletivo vier especificado, o verbo pode ficar no singular ou ir para o plural.

Ex.: A multidão de fãs gritou./ A multidão de fãs gritaram.

b) Coletivos partitivos (metade, a maior parte, maioria, etc.) – o verbo fica no singular ou vai para o plural.

Ex.: A maioria dos alunos foi à excursão./ A maioria dos alunos foram à excursão.

c) O sujeito é um pronome de tratamento – o verbo fica sempre na 3ª pessoa (do singular ou do plural).

Ex.: Vossa Alteza pediu silêncio./ Vossas Altezas pediram silêncio.

d) O sujeito é o pronome relativo “que” – o verbo concorda com o antecedente do pronome.

Ex.: Fui eu que derramei o café./ Fomos nós que derramamos o café.

e) O sujeito é o pronome relativo “quem” – o verbo pode ficar na 3ª pessoa do singular ou concordar com o antecedente do pronome.

Ex.: Fui eu quem derramou o café./ Fui eu quem derramei o café.

f) O sujeito é formado pelas expressões: alguns de nós, poucos de vós, quais de…, quantos de…, etc. – o verbo poderá concordar com o pronome interrogativo ou indefinido ou com o pronome pessoal (nós ou vós).

Ex.: Quais de vós me punirão?/ Quais de vós me punireis?

Dicas:Com os pronomes interrogativos ou indefinidos no singular, o verbo concorda com eles em pessoa e número.

Ex.: Qual de vós me punirá.

g) O sujeito é formado de nomes que só aparecem no plural – se o sujeito não vier precedido de artigo, o verbo ficará no singular.

Caso venha antecipado de artigo, o verbo concordará com o artigo.

Ex.: Estados Unidos é uma nação poderosa./ Os Estados Unidos são a maior potência mundial.

h) O sujeito é formado pelas expressões: mais de um, menos de dois, cerca de…, etc. – o verbo concorda com o numeral.

Ex.: Mais de um aluno não compareceu à aula./ Mais de cinco alunos não compareceram à aula.

i) O sujeito é constituído pelas expressões: a maioria, a maior parte, grande parte, etc. – o verbo poderá ser usado no singular (concordância lógica) ou no plural (concordância atrativa).

Ex.: A maioria dos candidatos desistiu./ A maioria dos candidatos desistiram.

j) O sujeito tiver por núcleo a palavra gente (sentido coletivo) – o verbo poderá ser usado no singular ou plural, se este vier afastado do substantivo.

Ex.: A gente da cidade, temendo a violência da rua, permanece em casa./ A gente da cidade, temendo a violência da rua, permanecem em casa.

2) Sujeito composto

Regra geral: O verbo vai para o plural.

Ex.: João e Maria foram passear no bosque.Casos especiais:

a) Os núcleos do sujeito são constituídos de pessoas gramaticais diferentes – o verbo ficará no plural seguindo-se a ordem de prioridade: 1ª, 2ª e 3ª pessoa.

Ex.: Eu (1ª pessoa) e ele (3ª pessoa) nos tornaremos (1ª pessoa plural) amigos.O verbo ficou na 1ª pessoa porque esta tem prioridade sob a 3ª.

Ex: Tu (2ª pessoa) e ele (3ª pessoa) vos tornareis (2ª pessoa do plural) amigos.O verbo ficou na 2ª pessoa porque esta tem prioridade sob a 3ª.

Atenção:No caso acima, também é comum a concordância do verbo com a terceira pessoa.

Ex.: Tu e ele se tornarão amigos. (3ª pessoa do plural)

Se o sujeito estiver posposto, permite-se também a concordância por atração com o núcleo mais próximo do verbo.

Ex.: Irei eu e minhas amigas.

b) Os núcleos do sujeito estão coordenados assindeticamente ou ligados por “e” – o verbo concordará com os dois núcleos.

Ex.: A jovem e a sua amiga seguiram a pé.

Atenção:Se o sujeito estiver posposto, permite-se a concordância por atração com o núcleo mais próximo do verbo.

Ex.: Seguiria a pé a jovem e a sua amiga.

c) Os núcleos do sujeito são sinônimos (ou quase) e estão no singular – o verbo poderá ficar no plural (concordância lógica) ou no singular (concordância atrativa).

Ex.: A angústia e ansiedade não o ajudavam a se concentrar./ A angústia e ansiedade não o ajudava a se concentrar.

d) Quando há gradação entre os núcleos – o verbo pode concordar com todos os núcleos (lógica) ou apenas com o núcleo mais próximo.

Ex.: Uma palavra, um gesto, um olhar bastavam./ Uma palavra, um gesto, um olhar bastava.

e) Quando os sujeitos forem resumidos por nada, tudo, ninguém… – o verbo concordará com o aposto resumidor.

Ex.: Os pedidos, as súplicas, o desespero, nada o comoveu.

f) Quando o sujeito for constituído pelas expressões: um e outro, nem um nem outro… – o verbo poderá ficar no singular ou no plural.

Ex.: Um e outro já veio./ Um e outro já vieram.

g) Quando os núcleos do sujeito estiverem ligados por ou – o verbo irá para o singular quando a ideia for de exclusão, e para o plural quando for de inclusão.

Exemplos:Pedro ou Antônio ganhará o prêmio. (exclusão)

A poluição sonora ou a poluição do ar são nocivas ao homem. (adição, inclusão)

h) Quando os sujeitos estiverem ligados pelas séries correlativas (tanto… como/ assim… como/ não só… mas também, etc.) – o que comumente ocorre é o verbo ir para o plural, embora o singular seja aceitável se os núcleos estiverem no singular.

Exemplos:Tanto Erundina quanto Collor perderam as eleições municipais em São Paulo.

Tanto Erundina quanto Collor perdeu as eleições municipais em São Paulo.

Outros casos:

1) Partícula“SE”:

a- Partícula apassivadora: o verbo ( transitivo direto) concordará com o sujeito passivo.

Ex.: Vende-se carro./ Vendem-se carros.

b- Índice de indeterminação do sujeito: o verbo (transitivo indireto) ficará, obrigatoriamente, no singular.

Exemplos:Precisa-se de secretárias.

Confia-se em pessoas honestas.

2) Verbos impessoais

São aqueles que não possuem sujeito. Portanto, ficarão sempre na 3ª pessoa do singular.

Exemplos:Havia sérios problemas na cidade.

Fazia quinze anos que ele havia parado de estudar.

Deve haver sérios problemas na cidade.

Vai fazer quinze anos que ele parou de estudar.

Dicas:Os verbos auxiliares (deve, vai) acompanham os verbos principais.O verbo existir não é impessoal. Veja:

Existem sérios problemas na cidade.Devem existir sérios problemas na cidade.

3) Verbos dar, bater e soar

Quando usados na indicação de horas, possuem sujeito (relógio, hora, horas, badaladas…), e com ele devem concordar.

Exemplos:O relógio deu duas horas.

Deram duas horas no relógio da estação.

Deu uma hora no relógio da estação.

O sino da igreja bateu cinco badaladas.

Bateram cinco badaladas no sino da igreja.

Soaram dez badaladas no relógio da escola.

4) Sujeito oracional

Quando o sujeito é uma oração subordinada, o verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do singular.

Ex.: Ainda falta dar os últimos retoques na pintura.

5) Concordância com o infinitivo

a) Infinitivo pessoal e sujeito expresso na oração:- não se flexiona o infinitivo se o sujeito for representado por pronome pessoal oblíquo átono.

Ex.: Esperei-as chegar.- é facultativa a flexão do infinitivo se o sujeito não for representado por pronome átono e se o verbo da oração determinada pelo infinitivo for causativo (mandar, deixar, fazer) ou sensitivo (ver, ouvir, sentir e sinônimos).

Exemplos:Mandei sair os alunos.

Mandei saírem os alunos.

Ex.: Esperei saírem todos.

b) Infinitivo pessoal e sujeito oculto- não se flexiona o infinitivo precedido de preposição com valor de gerúndio.

Ex.: Passamos horas a comentar o filme. (comentando)- é facultativa a flexão do infinitivo quando seu sujeito for idêntico ao da oração principal.

Ex.: Antes de (tu) responder, (tu) lerás o texto./Antes de (tu) responderes, (tu) lerás o texto.

Ex.: Ele nos deu o direito de contestar./Ele nos deu o direito de contestarmos.

Ex.: Não sei como saiu sem notarem o fato.

c) Quando o infinitivo pessoal está em uma locução verbal- não se flexiona o infinitivo, sendo este o verbo principal da locução verbal, quando em virtude da ordem dos termos da oração, sua ligação com o verbo auxiliar for nítida.

Ex.: Acabamos de fazer os exercícios.

Exemplos:Não devemos, depois de tantas provas de honestidade, duvidar e reclamar dela.

Não devemos, depois de tantas provas de honestidade, duvidarmos e reclamarmos dela.

6) Concordância com o verbo ser:

a – Quando, em predicados nominais, o sujeito for representado por um dos pronomes: tudo, nada, isto, isso, aquilo – o verbo “ser” ou “parecer” concordarão com o predicativo.

Exemplos:Tudo são flores.

Aquilo parecem ilusões.

Dicas:Poderá ser feita a concordância com o sujeito quando se quer enfatizá-lo.

Ex.: Aquilo é sonhos vãos.

b – O verbo ser concordará com o predicativo quando o sujeito for os pronomes interrogativos: que ou quem.

Exemplos:Que são gametas?

Quem foram os escolhidos?

c – Em indicações de horas, datas, tempo, distância – a concordância será feita com a expressão numérica

Exemplos:São nove horas.

É uma hora.

Dicas:Em indicações de datas, são aceitas as duas concordâncias, pois subentende-se a palavra dia.

Exemplos:Hoje são 24 de outubro.

Hoje é (dia) 24 de outubro.

d – Quando o sujeito ou predicativo da oração for pronome pessoal, a concordância se dará com o pronome.

Ex.: Aqui o presidente sou eu.

Dicas:Se os dois termos (sujeito e predicativo) forem pronomes, a concordância será com o que aparece primeiro, considerando o sujeito da oração.

Ex.: Eu não sou tu

e – Se o sujeito for pessoa, a concordância nunca se fará com o predicativo.

Ex.: O menino era as esperanças da família.

f – Nas locuções: é pouco, é muito, é mais de, é menos de, junto a especificações de preço, peso, quantidade, distância e etc., o verbo fica sempre no singular.

Exemplos:Cento e cinquenta é pouco.

Cem metros é muito.

g – Nas expressões do tipo: ser preciso, ser necessário, ser bom, o verbo e o adjetivo pode ficar invariável (verbo na 3ª pessoa do singular e adjetivo no masculino singular) ou concordar com o sujeito posposto.

Exemplos:É necessário aqueles materiais.

São necessários aqueles materiais.

h – Na expressão: é que, usada como expletivo, se o sujeito da oração não aparecer entre o verbo “ser” e o “que”, ficará invariável. Se aparecer, o verbo concordará com o sujeito.

Exemplos:Eles é que sempre chegam atrasados.

São eles que sempre chegam atrasados.

BONS ESTUDOS!

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