Regência, tanto a regência verbal como a regência nominal, é o processo em que um termo determinante rege outro determinado a ele, estabelecendo relação de subordinação entre os dois. A marca de subordinação costuma dar-se pela preposição que liga um termo ao outro ou pela ausência dela.

Conforme o próprio nome já indica, a regência verbal trata da relação de subordinação entre um verbo e outro termo, sendo este o complemento e/ou a preposição.

Assim, quando um verbo é intransitivo (não precisa de complemento) ou transitivo direto (precisa de complemento, mas sem preposição), diz-se que ele não é regido por preposição. Veja nos enunciados a seguir:

✓verbo + complemento

  • Os alunos tinham boas notas.
  • Ele adorava dirigir o próprio carro.
  • Você terminou o projeto?

Nos três exemplos, o verbo não precisou ser regido por nenhuma preposição para dar sentido ao enunciado. Quando o verbo é transitivo indireto, diz-se que uma preposição “rege” esse verbo, ou seja, que a preposição é necessária para ligá-lo ao seu complemento e dar o significado adequado ao enunciado.

✓verbo + preposição + complemento

  • Ela opinou sobre o caso.
  • É verdade que você se divorciou do João?
  • Eu me esforcei para conseguir o emprego.

Nos três exemplos, o verbo é regido por uma preposição que o liga ao complemento para dar sentido ao enunciado: opinar sobre, divorciar-se de, esforçar-se para. O verbo depende da preposição, ou seja, está subordinado a ela.

Verbos com mais de uma regência

A preposição é tão importante que, muitas vezes, o mesmo verbo pode ser regido por preposições diferentes para indicar significados diferentes. Vamos analisar alguns casos muito frequentes:

✓Aspirar/aspirar a

Sem preposição (transitivo direto) = “cheirar”:

  • Aspiraram as fragrâncias e decidiram o melhor perfume.

Com preposição (transitivo indireto) = “ter por objetivo”, “pretender”:

  • Aspiravam a cargos melhores na empresa.

✓Assistir/assistir a

Sem preposição (transitivo direto) = “ajudar”, “auxiliar”:

  • O enfermeiro assistiu o médico durante a cirurgia.

Com preposição (transitivo indireto) = “ver”, “presenciar”, “acompanhar”:

  • Nós já assistimos a esse filme várias vezes, gostamos muito.

✓Custar/custar a

Sem preposição (transitivo direto) = “ter valor”:

  • Aquela roupa custou muito caro.

Com preposição (transitivo indireto) = “ser custoso a alguém”:

  • Custou ao jovem abrir mão do seu desejo.

✓Implicar/implicar com

Sem preposição (transitivo direto) = “ter consequências”:

  • O cancelamento do cartão implicará uma multa.

Com preposição (transitivo indireto) = “irritar”, “provocar”, “antipatizar”:

  • As crianças viviam implicando com o mais novo.

✓Informar/informar a

Informa-se algo a alguém, portanto, é transitivo direto e indireto, tendo os dois complementos:

  • Informei o episódio à gerente e ao supervisor.

✓Visar

Sem preposição (transitivo direto) = “olhar”, “avistar”, “assinar”:

  • O caçador visou o alvo.
  • O cliente visou o cheque.

Com preposição (transitivo indireto) = “ter por objetivo”, “pretender”:

  • Elas visavam ao cargo mais alto da empresa

ATENÇÃO:

Se há dois verbos com regência diferente, o ideal é construir a sentença de modo que se utilize a regência adequada para cada um deles. Observe:

  • Fui e voltei do serviço.

A construção anterior não segue a norma padrão, pois “fui”, nesse contexto, exige a preposição “a” ou “para”, enquanto “voltei” exige a preposição “de”. Para tornar o enunciado adequado, seria necessário reconstruí-lo:

  • Fui ao serviço e voltei dele.

Curiosamente, na linguagem coloquial, alguns verbos são frequentemente utilizados com a preposição inadequada do ponto de vista da norma padrão. É o caso dos verbos “chegar” e “ir”, que devem ser regidos pela preposição “a” (que indica movimento), e não pela preposição “em”. Observe:

  • Cheguei em minha casa. (Inadequado)
  • Cheguei à minha casa. (Adequado)
  • Fomos no shopping. (Inadequado)
  • Fomos ao shopping. (Adequado)

Diferença entre regência verbal e nominal

A regência nominal também se refere à relação de subordinação entre dois termos. No entanto, enquanto a regência verbal trata da relação entre um verbo e seu complemento, a regência nominal trata da relação entre nomes (substantivos, adjetivos ou advérbios) e seus complementos.

Um nome possui a mesma regência do verbo do qual deriva. Assim, retomando os exemplos que já vimos neste texto, temos:

  • Ela opinou sobre o caso.
  • Ela tinha uma opinião sobre o caso.
  • Eu me esforcei para conseguir o emprego.
  • Eu fiz esforço para conseguir o emprego.
  • As crianças viviam implicando com o mais novo.
  • As crianças tinham implicância com o mais novo.

BONS ESTUDOS!!

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