A banca organizadora do concurso público de PEIF da Prefeitura de São Paulo, a FGV, foi extremamente grosseira em seus argumentos para não conceder recursos em suas questões, que, no mínimo, são questionáveis e mal elaboradas.
Eu fiz um recurso contra a questão da Lua, a banca organizadora me respondeu de maneira desproporcional à forma que me comuniquei com a banca organizadora, para se ter ideia, segue abaixo o texto em que solicitei um recurso cobrando a anulação:
“Venho por meio deste solicitar a anulação da questão de número 50.
O motivo da anulação é que não existe uma alternativa correta, pois a massa da Lua a massa é de 7,35 x 10²² kg, ademais a massa da Lua corresponde a apenas 1,23% da massa da Terra, o que dá uma equivalência de 91 vezes menor em relação à Terra, ou seja, a massa da Terra é 91 vezes maior que a massa da Lua, e o enunciado da questão afirma que a Terra tem massa, apenas, 6 vezes maior.
Diversos profissionais especialistas na área corroboram com a afirmação de que a massa da Lua é de 7,35 x 10²² kg, para justificar esse recurso, deixo em anexo o link de uma matéria da Professora Rosimar Gouveia, Bacharel em Meteorologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1992, Licenciada em Matemática pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2006 e Pós-Graduada em Ensino de Física pela Universidade Cruzeiro do Sul em 2011. Segue o link para confirmação:
https://www.todamateria.com.br/caracteristicas-da-lua/
Portanto, a questão referida deve ser anulada.”
Repare que fui cordial e gentil, em nenhum momento ataquei a banca organizadora, eu só queria que anulassem a questão, que no meu entender não tem alternativa correta, inclusive me utilizei que argumentos de especialistas.
Mas de maneira grosseira a banca me respondeu, vou destacar os momentos mais grosseiros deixando a letra em negrito.
ARGUMENTAÇÃO DA BANCA:
Os cálculos indicados no gabarito foram conferidos e estão corretos. Se a massa da Terra vale 9 vezes a massa da Lua, então a massa da Lua é obtida dividindo-se a massa da Terra por 9. Ou seja, 5,94 x 1026 : 9 = 0,66 x 1026 = 6,6 x 1025.
O enunciado da questão é CLARO. Pede para considerar a massa da Terra como sendo 9 vezes a da Lua. A maior parte dos argumentos de que este dado não é científico em nada prejudica a correção do enunciado, já que não se sabe se outros extraterrestres não colocaram o mesmo nome de nosso planeta e que, neste outro sistema, a relação entre eles seja esta. Pode-se supor qualquer coisa diferente do que foi afirmado, porém o que foi afirmado é que se deve levar em conta. Mesmo que a aproximação dos dados seja exagerada, o candidato deve sempre se basear nos fatos apresentados na questão, supor outros dados não é o correto, sobretudo numa prova de Matemática. O verbo considerar exige que se leve em conta o que é afirmado.
Seria também correto propor um enunciado do seguinte tipo: considere que seu irmão tem sua massa 80 vezes maior do que você e que você tenha uma massa de 100 kg. Qual é a massa do seu irmão? Nesse caso, ninguém acreditará que essa situação é real, no entanto, o correto é CONSIDERAR o que foi afirmado.
Ainda, alguns dos recursos dizem respeito ao conteúdo não estar listado no programa de matemática, o que também não é preciso, já que se trata de uma questão sobre: Unidades de medida: massa e Números: medir e codificar, operações aritméticas, procedimentos de cálculo. O que foi copiado do programa oficial.
São 6 as operações básicas com números: adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação e radiciação. Todas essas podem são definidas para números naturais, a primeira numeração que se aprende na escola.
Os autores do recurso referem-se a alguém ter dito que não teria cálculos ou contas na prova de matemática. Não leram o programa oficial da prova? Estranhamos este tipo de argumento, sobretudo porque professores do ensino fundamental em sua prática chegam a abusar no oferecimento às crianças de atividades de cálculos, embora isto não seja um argumento, apenas manifestação de surpresa. Talvez seja um problema de se considerar o significado de tecnologias apenas ao que se refere a máquinas físicas, computadores, tablets, celulares? Ainda assim, estranhamos essa associação de significados a uma disciplina tão clara como a Matemática. Total desconhecimento do que é a disciplina Matemática? Que Matemática se espera ensinar a nossas crianças? O argumento causou-nos uma enorme estranheza. O Conteúdo da questão é de fundamental importância para a formação de qualquer cidadão, sobretudo aqueles que serão responsáveis pela formação de nossas crianças.
A afirmação de que o Currículo da Cidade de São Paulo não tem Matemática, também não é correta. Além disso, não é correta a afirmação de que não haveria questões de Matemática na prova, já que existe inclusive relação dos conteúdos indicados. Além disso, a prova foi elaborada para professores e não para crianças e isto está explícito. Sequer existe no edital a afirmação de que não haveria questões de Matemática na prova de matemática e que seriam sobre metodologia da matemática ou sobre ensino da matemática. E mesmo se fosse o caso, a Educação Matemática não prescinde da Matemática. Não se pode ensinar sem se levar em conta o conteúdo. As estratégias de ensino-aprendizagem que são técnicas utilizadas pelos professores com o objetivo ajudar o aluno a construir seu conhecimento não podem prescindir dos conteúdos da disciplina, seja ela qual for. E no caso da Matemática, incide no que se propõe ao aluno.
Consideramos, portanto, os argumentos descabidos.
Sei que muitos dos argumentos não foram direcionados a mim, afinal eu nem questionei se era para ter matemática na prova ou não, e nem falei que matemática não estava prevista no edital. Achei os comentários totalmente desnecessários, basta argumentar e manter o gabarito, a banca organizadora não é a dona da verdade, e nem é a santimônia personificada para dar sermão nas pessoas. A FGV deveria era pedir desculpas pela prova elaborada com o estomago, proporcionando a pior prova para concursos de Professores da história da Cidade de São Paulo, de longe foi a prova mais mal elaborada que existiu.