As mudanças na carga horária das aulas e na grade curricular dos Anos Iniciais no Estado de São Paulo podem ampliar o tempo de permanência dos professores em sala de aula, dificultando ou até inviabilizando o acúmulo de cargos por parte desses docentes. Nesta postagem, vamos explorar, de forma prática, o que pode mudar nas aulas dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental nas escolas estaduais em 2025.
Atualmente, em 2024, cada aula tem 45 minutos de duração, e os professores dos Anos Iniciais ministram 30 aulas por semana. No entanto, essas aulas não correspondem a 30 horas completas no relógio, já que cada aula dura apenas 45 minutos. Assim, para cumprir as 30 aulas semanais, são necessários 1.350 minutos de aula. Dividindo esse total por cinco dias letivos, temos 270 minutos de aula por dia.
Em uma escola de tempo parcial, o período diário inclui 270 minutos de aula, acrescidos de 20 minutos de intervalo, totalizando 290 minutos por turno. Na prática, isso significa que os alunos do turno da manhã entram às 7h e saem às 11h50, enquanto no período da tarde entram às 13h e saem às 17h50.
A grade curricular segue esse formato em 2024, mas, com as possíveis mudanças previstas para 2025, essas dinâmicas poderão ser significativamente alteradas:
Os alunos atualmente permanecem 290 minutos na escola. No período matutino, isso significa entrar às 7h e sair às 11h50. Esse modelo é vantajoso para professores que acumulam cargos, já que o turno vespertino geralmente começa às 13h, proporcionando um intervalo adequado para deslocamento entre escolas.
Mudanças para 2025
O governador Tarcísio de Freitas e o secretário Renato Feder propuseram alterar a duração das aulas de 45 minutos para 50 minutos, mantendo as mesmas 30 aulas semanais nos Anos Iniciais. Essa mudança pode trazer desafios para professores que acumulam cargos.
O novo cálculo é o seguinte:
- 30 aulas x 50 minutos = 1.500 minutos por semana.
- 1.500 minutos ÷ 5 dias = 300 minutos por dia.
Com 20 minutos de intervalo, os estudantes permanecerão na escola por 320 minutos por turno.
Assim, no período matutino, os alunos entrarão às 7h e sairão às 12h20. Já no turno vespertino, o horário será das 13h às 18h20.
Esses novos horários dificultam o acúmulo de cargos para professores, pois:
- Quem leciona de manhã sairá da escola às 12h20, com pouco tempo para chegar a outro local antes das 13h.
- Quem leciona à tarde enfrentará dificuldades com o HTPC (Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo) e o trânsito, especialmente ao sair às 18h20, considerando as condições de tráfego no estado de São Paulo.
A grade para 2025 segue este novo formato, apresentando desafios que requerem adaptações por parte dos docentes:
Na imagem acima, podemos observar que a estrutura da grade curricular sofreu poucas alterações. A única mudança foi a transferência de uma aula de “Tecnologia e Inovação” para o “Projeto de Convivência”, que agora conta com 2 aulas semanais. Apesar disso, o número total de aulas semanais permanece em 30.
No entanto, o aumento da duração das aulas de 45 para 50 minutos, sem reduzir a quantidade de aulas, resultou em um acréscimo no total de horas anuais em comparação com a grade anterior. Essa modificação impacta diretamente a carga horária anual, ampliando o tempo de estudo dos alunos ao longo do ano letivo.
Conclusão
As mudanças propostas parecem visar a exclusividade dos professores nas escolas estaduais de São Paulo, dificultando o acúmulo de cargos e incentivando a dedicação integral à rede estadual. Essa estratégia busca favorecer a permanência exclusiva dos docentes no sistema estadual, oferecendo a possibilidade de ampliação da carga horária como contrapartida.
Para professores temporários que planejam acumular cargos, a nova organização de horários pode não ser viável, a menos que as instituições de ensino sejam muito próximas entre si. A reformulação dos horários, com a extensão da duração das aulas, reduz a margem para deslocamentos, tornando o acúmulo significativamente mais difícil. Por isso, a escolha entre permanecer apenas no Estado ou buscar outras oportunidades torna-se uma decisão estratégica para os educadores.